terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Hino de Amor

Um poema de João de Deus que tem passado de geração em geração!
Lindo! 
Rouxinol comum

HINO DE AMOR


Andava um dia

Em pequenino

Nos arredores

De Nazaré,

Em companhia

De São José,

O bom Jesus,

O Deus Menino.


Eis senão quando

Vê num silvado

Andar piando

Arrepiado

E esvoaçando

Um rouxinol,

Que uma serpente

De olhar de luz

Resplandecente

Como a do Sol,

E penetrante

Como diamante,

Tinha atraído,

Tinha encantado.

Jesus, doído

Do desgraçado

Do passarinho,

Sai do caminho,

Corre apressado,

Quebra o encanto,

Foge a serpente,

E de repente

O pobrezinho,

Salvo e contente,

Rompe num canto

Tão requebrado,

Ou antes pranto

Tão soluçado,

Tão repassado

De gratidão,

De uma alegria,

Uma expansão,

Uma veemência,

Uma expressão,

Uma cadência,

Que comovia

O coração!

Jesus caminha

No seu passeio,

E a avezinha

Continuando

No seu gorjeio

Enquanto o via;

De vez em quando

Lá lhe passava

A dianteira

E mal poisava,

Não afroixava

Nem repetia,

Que redobrava

De melodia!


Assim foi indo

E foi seguindo.

De tal maneira,

Que noite e dia

Numa palmeira,

Que havia perto

Donde morava

Nosso Senhor

Em pequenino

(Era já certo)

Ela lá estava

A pobre ave

Cantando o hino

Terno e suave

Do seu amor

Ao Salvador!

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