quinta-feira, 28 de maio de 2009

UMA CARTA COREOGRÁFICA





O CORPO COMO ADIVINHA E A DANÇA COMO FÁBULA.
É o tema da exposição que está, até dia 3 de Junho, na nossa Biblioteca.
É uma proposta de reflexão sobre possíveis articulações de imagem, texto, corpo, movimento.
Mas vejamos as imagens, elas dizem melhor...

domingo, 24 de maio de 2009

UM LIVRO DA NOSSA BIBLIOTECA

(…)
Era uma vez um país
onde o pão era contado
onde quem tinha a raiz
tinha o fruto arrecadado
onde quem tinha o dinheiro
tinha o operário algemado
onde suava o ceifeiro
quem dormia com o gado
onde tossia o mineiro
em Aljustrel ajustado
onde morria primeiro
quem nascia desgraçado
(…)
vivia um povo tão pobre
que partia para a guerra
para encher quem estava podre
de comer a sua terra.

Um povo que era levado
Para Angola nos porões
(…)

Ary dos Santos, neste poema, não só retrata o país que tínhamos como, também, a guerra colonial que se travava, facto indissociável do próprio Estado Novo.
E faz-nos pensar. Leva-nos a pensar quão importante foi ter existido um “25 de Abril” que permitiu a reconquista da liberdade, da igualdade jurídica, do direito à educação, do direito a uma vida digna, de um lugar na comunidade internacional, de podermos decidir do nosso DESTINO e fazermos ouvir o nosso QUERER! De permitirmos que outros, como nós, LIVRES fossem.
Ary dos Santos, neste poema, disse-o. Convictamente. E o ritmo das suas palavras são o ritmo da revolta e o som da luta. Que se avizinhava. No dia 25 de Abril de 1974.

SANTOS, Ary dos.(1999) Obra Poética. Edições Avante.Lisboa.

Profª Maria Nazaré Oliveira

quinta-feira, 7 de maio de 2009

UM LIVRO DA NOSSA BIBLIOTECA

A nossa Biblioteca adquiriu sete pequenos livros, cada um com DVD, sobre o tema PORTUGAL, UM RETRATO SOCIAL, da autoria de António Barreto e Joana Pontes, editados pelo jornal PÚBLICO/RTP.
Como o autor refere, o que se mostra nesta obra é o retrato da sociedade portuguesa dos últimos 30 ou 40 anos, “um retrato de grupo: dos portugueses e dos estrangeiros que vivem connosco”
A título de exemplo, vejamos o livro 04 – uma sociedade plural: muito interessante a característica multicultural do nosso país, desde sempre mas, particularmente a partir dos anos 70, conforme é referido.
Portugal reforça a sua pluralidade e convivialidade com o outro, característica intrínseca e historicamente marcada desde o início do nosso encontro ancestral com diferentes etnias e diferentes religiões, particularmente a partir do século XV e reforçada, mais tarde com a vertente colonialista do Estado Novo, acentuada pela emigração e, depois, pela nossa integração na UE – União Europeia.
António Barreto diz, a propósito, “que o Estado português fez a nação portuguesa”.
Ora fazendo a assimilação ora fazendo, também, a expulsão (árabes, judeus, etc.), Portugal reforça, deste modo, a homogeneidade. “Os diferentes grupos étnicos foram-se fundindo com o tempo (…) foram-se esbatendo e assimilando. À diversidade de origem foi-se impondo essa homogeneidade de Estado, de nacionalidade, de cultura”.
O texto daqueles autores prima sempre pela clara contextualização histórica, acentuando a perspectiva sociológica.
Um exemplo disso é a referência às comunidades de estrangeiros que residem actualmente no nosso país: a maior é a dos brasileiros, seguida da dos ucranianos e depois os cabo-verdianos.
“Ao contrário do que se passava até aos anos 60, hoje, em Portugal (…) ouve-se falar todas as línguas (…)” em todo o lado.
Portugal está diferente. Ainda bem. E é bom que essa diferença seja sempre vista como uma mais valia para o progresso e o desenvolvimento do nosso país pois, sem pluralismo não há democracia.
E a democracia também se conquista (ou se perde).

Maria Nazaré Oliveira