A Dra Teresa Calçada , coordenadora do programa Rede de Bibliotecas Escolares deu uma entrevista à Revista Visão ( 20 deOutubro de 2011 ) , intitulada “Ninguém nasce leitor”
Uma revolução silenciosa ocorre hoje nas escolas, graças às bibliotecas escolares e aos professores bibliotecários.Portugal conseguiu pela primeira vez, em 2010, atingir a média dos países da OCDE em literacia de leitura. No Mês Internacional da Biblioteca Escolar,Teresa Calçada, coordenadora da Rede de Bibliotecas Escolares (RBE) desde 1996,comissária adjunta do Plano Nacional de Leitura (PNL), deita contas à actividades das 2277 escolas integradas na RBE, que servem 1,1 milhões de alunos.
Aqui fica parte da entrevista:
O que é hoje uma Biblioteca Escolar? É, como sempre foi, um lugar deprocura de saber. Mas hoje o que se procura, o que se encontra, o modo como seopera para encontrar, as tecnologias que usamos, não são apenas a tecnologia dolivro – temos recursos em suporte papel e em suporte digital. E as bibliotecasescolares são também os professores bibliotecários. São eles os orientadores,quem transmite aos miúdos uma consciência dos méritos e das vantagensacrescidas, mas não escondendo os seus perigos – no sentido da ilusão de quetudo o que está na internet é verdadeiro. A era da web não pode viver só da destreza, tem de viver de competências quenão são inatas. Nenhum leitor nasce leitor. E isso é válido tanto para atecnologia do livro como para o ambiente digital. Os leitores fazem-se comtrabalho, com produção, com prática continuada.
Segundo o último estudo do PNL, o interesse dos jovens pela leitura aumentou e 52, 4 % consideram-na agora muito importante.
As bibliotecas escolares tiveram um papel nessa mudança de atitude? Quero crer que sim. O estudo demonstraque há um trabalho de retaguarda da Rede de Bibliotecas Escolares, que há maismiúdos a frequentá-las, uma melhor qualificação e que a oferta se vem adequandoaos tempos. Costumo dizer que as bibliotecas escolares são uma espécie detosco, são a infraestrutura, e o PNL, uma espécie de supraestrutura, que trouxeuma narrativa construída para divulgar a leitura como um bem, valorizá-lasocialmente, torná-la uma imagem de marca. Os miúdos habituam-se a que “LeR+”não é uma coisa “cota”, os pais associam “LeR+” a uma marca de qualidade, eisso trouxe, objectivamente, como verifica este estudo, uma valorização da leitura.
Em época de crise, o papel das bibliotecas é ainda mais importante? Acho que sim. Falamos sempre dasbibliotecas como locais de inclusão, quer pelos recursos que têm quer pelofacto de quem as governa desempenhar um trabalho que muitas vezes as famílias não fazem porque não sabem ou porque não podem. Quanto mais vivemos no mundo dainformação (e hoje a atravessar momentos de menor abundância), mais asbibliotecas, como lugar de abundância, devem ser usadas em rede. Tenho consciência de que, no caso das bibliotecas escolares, o que verdadeiramente faz a diferença é ter lá pessoas que governam as bibliotecas. Se assim não for,são subaproveitadas. »
Uma revolução silenciosa ocorre hoje nas escolas, graças às bibliotecas escolares e aos professores bibliotecários.Portugal conseguiu pela primeira vez, em 2010, atingir a média dos países da OCDE em literacia de leitura. No Mês Internacional da Biblioteca Escolar,Teresa Calçada, coordenadora da Rede de Bibliotecas Escolares (RBE) desde 1996,comissária adjunta do Plano Nacional de Leitura (PNL), deita contas à actividades das 2277 escolas integradas na RBE, que servem 1,1 milhões de alunos.
Aqui fica parte da entrevista:
O que é hoje uma Biblioteca Escolar? É, como sempre foi, um lugar deprocura de saber. Mas hoje o que se procura, o que se encontra, o modo como seopera para encontrar, as tecnologias que usamos, não são apenas a tecnologia dolivro – temos recursos em suporte papel e em suporte digital. E as bibliotecasescolares são também os professores bibliotecários. São eles os orientadores,quem transmite aos miúdos uma consciência dos méritos e das vantagensacrescidas, mas não escondendo os seus perigos – no sentido da ilusão de quetudo o que está na internet é verdadeiro. A era da web não pode viver só da destreza, tem de viver de competências quenão são inatas. Nenhum leitor nasce leitor. E isso é válido tanto para atecnologia do livro como para o ambiente digital. Os leitores fazem-se comtrabalho, com produção, com prática continuada.
Segundo o último estudo do PNL, o interesse dos jovens pela leitura aumentou e 52, 4 % consideram-na agora muito importante.
As bibliotecas escolares tiveram um papel nessa mudança de atitude? Quero crer que sim. O estudo demonstraque há um trabalho de retaguarda da Rede de Bibliotecas Escolares, que há maismiúdos a frequentá-las, uma melhor qualificação e que a oferta se vem adequandoaos tempos. Costumo dizer que as bibliotecas escolares são uma espécie detosco, são a infraestrutura, e o PNL, uma espécie de supraestrutura, que trouxeuma narrativa construída para divulgar a leitura como um bem, valorizá-lasocialmente, torná-la uma imagem de marca. Os miúdos habituam-se a que “LeR+”não é uma coisa “cota”, os pais associam “LeR+” a uma marca de qualidade, eisso trouxe, objectivamente, como verifica este estudo, uma valorização da leitura.
Em época de crise, o papel das bibliotecas é ainda mais importante? Acho que sim. Falamos sempre dasbibliotecas como locais de inclusão, quer pelos recursos que têm quer pelofacto de quem as governa desempenhar um trabalho que muitas vezes as famílias não fazem porque não sabem ou porque não podem. Quanto mais vivemos no mundo dainformação (e hoje a atravessar momentos de menor abundância), mais asbibliotecas, como lugar de abundância, devem ser usadas em rede. Tenho consciência de que, no caso das bibliotecas escolares, o que verdadeiramente faz a diferença é ter lá pessoas que governam as bibliotecas. Se assim não for,são subaproveitadas. »
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