quinta-feira, 19 de maio de 2011


Amei uma pedra
Quando era pequenino
A caminho da escola,
Encontrei uma pedra
E meti-a na sacola.

Quando cheguei a casa,
Mostrei-a a toda a gente,
Todos se riram,
Mas olhavam-me de contente.

Dei um nome à pedra
Fiz dela minha amiga,
Pensava que era para sempre
Uma pedra para toda a vida.

Comecei analisando
Era preta, mais para escura
De formato redondo,
Mas era muito dura.

Sempre me acompanhou
Para todo o lugar.
Esta relação,
Era feita para durar.

Não via defeitos nela,
Só qualidades de primeira.
Eu considerava-a
Uma amiga verdadeira

Confiava na sua escuridão,
Nos seus simples gestos,
Não via a sua podridão
Nem nada do resto.

Desgastada com o tempo,
Foi-se separando aos poucos.
Só a tinha em pensamento
Perdia-a, neste mundo de loucos.

Magoou-me tanto a sua perda
Que nunca mais a quis ter.
E quando olho para a pedra
Tapo os olhos para não a ver

Piso-a, porque sim.
Pontapeio-a para a afastar,
Não a quero mais perto de mim,
Basta de me fazer chorar

Pelas pedras da calçada,
Eu vou seguindo contente.
Não me sinto incomodado,
E não tenho problemas com a mente.

No meio de muitos outros,
Eu sei que vou ser feliz.
Deixando amar quem eu amo,
Ajudando quem me quis.

Num mundo imaginário,
De pedras e fantochada.
Eu grito desalmadamente
Aquele muito Obrigada.

Uma pedra sem sentido,
Sem nenhuma direcção,
Uma vez amei uma pedra,
Que era o teu coração….

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